A Paramount Network foi convidada pela Television Academy National Active a participar de uma exibição e painel sobre a série Waco que ocorrerá no dia 09 de Maio em Los Angeles.
Quem estará no evento:
Mais informações: FYC
Então, uma super-heroína entra em um bar. De início isso soa como uma piada brega mas é um pouco engraçado, afinal, neste caso, é como nós conhecemos a estrela de Supergirl, Melissa Benoist. Basta substituir a palavra “bar” por Toro NYC (Nome de um bar em NY). E faça balanço sobre o fato de que, enquanto esperávamos que todos chegassem, a atriz fazia as palavras cruzadas do dia enquanto observava tudo ao redor em uma poderosa roupa de couro toda de preto.
Ainda assim, não é exatamente justo “apenas” se referir a ela por seu papel na série CW (mesmo que ela tenha chego parecendo bastante como uma super-heroína). Ela também tem muitos outros grandes créditos, incluindo Glee em seus dias passados e a mais recentemente mini-série da Paramount Network ‘Waco‘, que é transmitida nas noites de quarta-feira e conta a história do cerco dos anos 90 envolvendo uma culto religioso. Nós conversamos com Melissa sobre por que ela estava intrigada, no começo, com esse papel, sua luta com a ansiedade e seu super poder da vida real (o que pode realmente superar tudo que já vimos na TV).
Você pode me falar sobre sua nova mini-série, Waco?
Eu tinha cinco anos e lembro sobre este cerco estar nos noticiários. Foram 51 dias entre o ATF, o FBI e o Ramo Davidiano, que as pessoas rotulavam de culto religioso. Seu líder, David Koresh, era esse homem manipulador, carismático e megalômano que reinterpretou o Livro do Apocalipse – que é sobre o fim dos tempos, fogo e enxofre, material de leitura realmente leve. Eu interpreto sua primeira esposa, com quem ele se casou quando tinha 14 anos. Ele disse que Deus lhe disse que tinha que se casar com ela e ele a pegou fora da igreja e partiram no meio da noite. Ela foi a primeira de talvez, 12 esposas? O que aconteceu com o cerco, no final das contas – porque o Ramo Davidiano tinha armas de fogo – foi que todos que estavam na casa foram queimados e 79 pessoas morreram, incluindo mais de 20 crianças menores de 15 anos. Foi uma tragédia que ninguém realmente sabia sobre nos anos 90, porque a mídia retratada era uma coisa, o FBI e o governo outra – há muito sobre o qual ninguém sabia a verdade. Então, espero que este projeto leve as pessoas a verem que sempre há mais do que vê, a compaixão é realmente importante e nada é preto e branco.
O que fez você querer se assinar com este projeto?
Inicialmente fiquei atraída pela palavra “culto”, porque sempre fui realmente fascinada – acho que todos nós somos. Todos nós imaginamos como você pode se envolver em algo que parece tão extremo, sabe? Eu assisti a todos os documentários da Cientologia e visitei a Igreja Fundamentalista de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, eu sempre estou interessada nesses valores extremos da sociedade. Então, em uma das primeiras audições, tive que interpretar Rachel Koresh. Vi uma foto dela e não pude ignorá-la. Ela era tão forte e estoica e imaginar o que essa mulher passou foi realmente o que me fez querer contar sua história.
E então temos a Supergirl! Quando se trata de decisões cotidianas, às vezes você pensa em sua personagem e o que ela faria?
Não necessariamente, porque acho que ela vive por um código moral e ideais que são inalcançáveis. Ela é tão otimista e eu simplesmente não posso ser isso o tempo todo. Mas muita da força para desempenhar essa parte se encaixa em meu cotidiano, de maneiras que eu nem percebo. Eu não era calma, antes do trabalho, mas certamente não era de criar atritos e isso se dissolveu e desapareceu. Eu também sinto que esse trabalho realmente me deu um impulso para me defender de maneiras que eu nunca teria tido a coragem de fazer antes.
Você tem sido bastante aberta sobre sua ansiedade e transtornos mentais em geral. Como você encontra o equilíbrio com isso, sendo uma pessoa pública?
Isso é algo que eu ainda não sei como lidar ainda, porque sou introvertida de uma maneira extrovertida. A ansiedade está em dias como hoje, quando estou na correria fazendo conferência de imprensa, falando como Melissa e não como uma personagem. Às vezes me faltam palavras e eu meio que fecho de volta minha concha, e esse aperto no peito está sempre lá. Mas é bom ter um pouco de medo e se forçar a sair para fora de sua zona de conforto. Dito isto, estar naquela posição pública onde as pessoas estão olhando para você, você tem que ser corajoso e destemido para se colocar para o lado assim, a menos que você seja o tipo de pessoa que gosta disso. E também conheço pessoas assim.
Você é caseira também?
Eu sou um ermitã. O dia dos meus sonhos seria acordar com calma, fazer palavras cruzadas no meu café da manhã, fazer um suco verde ou um smoothie e ficar em casa o dia todo. Teve dias em que eu listei todas as coisas que eu precisava, incluindo controles do Nintendo Switch que acabei de comprar. Então, meu mensageiro teve que ir ao GameStop e me comprar um controle do Nintendo Switch, porque simplesmente não conseguia sair do sofá.
Qual o seu superpoder na vida real?
Eu não sei se eu sou muito boa em alguma coisa (risos). Eu acho que sou muito boa no Mario Kart. Mas esse não é um superpoder. Eu leio rápido? Eu poderia ser… eu falo com cães. Os cães gostam muito de mim. Talvez nem todos os cães, mas todos os cães que tive o prazer de conhecer um pouco melhor do que apenas acariciá-los na rua.
Fonte: Covertour
A The Laterals Media publicou ontem (06/02) uma entrevista com Melissa onde ela conta sobre sua vida durante e pós Glee, Supergirl, a preparação para sua mais recente personagem, na mini-série Waco como Rachel, onde pela primeira vez, em sua carreira, ela deu vida a uma pessoa que realmente existiu. Entre outros assuntos, fala também sobre sua carreira. Confira a tradução:
Dizer que Melissa Benoist tem uma diversidade é um eufemismo. O rosto familiar de Supergirl e Glee saltou para uma série dramática da Paramount Network. Benoist interpreta Rachel Koresh, a enigmática esposa de David Koresh e a mini-série explora as provações e as lutas do impasse do Ramo Davidiano com o governo federal. A narrativa cativa o público com seu aspecto natural, mas aborda o relacionamento do casal com uma ternura que é, muitas vezes, mal colocada. Melissa Benoist tem uma incomparável gama de competência que não se pode prender.
Houve alguns projetos antes de Glee, mas os seguidores dedicados da série criaram uma excitação por você. Havia aspectos da série que te lembrou sua própria vida quando estava no ensino médio?
Um pouco dessa série refletiu minha experiência no ensino médio. Eu não só me considerava uma adolescente estranha mas eu também vivi basicamente em um estúdio local da Academy of Theatre Arts, onde eu estudei teatro e tínhamos um coral que fazia alguns espetáculos. Todos nós éramos crianças estranhas, mas isso foi o que apreciamos e nos apoiamos uns aos outros – nosso individualismo. Era como uma família então eu definitivamente tive minha própria versão da “sala de coral” evoluindo.
Glee é conhecida por seus fãs dedicados. Você já teve alguns encontros interessantes?
Os fãs de Glee ainda estão incrivelmente dedicados e tive alguns encontros maravilhosos com eles. Eu sempre me surpreendo com algumas pessoas que são Gleeks. Há momentos em que uma pessoa que eu menos espero ser fã – um homem, por exemplo, que estava trocando o óleo do meu carro na mecânica Jiffy Lube – vem até mim e me diz quais eram suas músicas favoritas. Elas também são músicas inesperadas. Como a favorita desse fã, em particular, que era “Diva”, da Beyoncé.
Supergirl leva você ao cobiçado Universo da DC. Você gosta do gênero super-herói e da exigência física que vem com ele?
Eu nunca li histórias em quadrinhos quando era mais nova, mas o que eu aprendi a apreciar sobre o gênero dos super-heróis foi a forma de se esquivar de tudo – quanta esperança eles podem inspirar com seus personagens, suas respectivas histórias passadas, poderes e os dilemas que eles encaram. Você sabe que pode confiar que triunfará de alguma forma contra todas as probabilidades. A extensão da mitologia também é incompreensível. Fisicamente, é muito mais exigente do que eu imaginei que seria e houve um processo de aprendizado para superar quando comecei a série. Era mais como aprendizado de mobilidade na verdade, porque eu tinha que me acostumar a me mover sem parar e usar cada parte do meu corpo para o papel. Aprendi a gostar do aspecto disso. No entanto, hoje me sinto mais forte do que já me senti na vida, por dentro e por fora.
O que você faz (dieta e exercício) para acompanhar os rigores constantes da série?
No começo não fiz nada por conta do tempo que a série me consumia, mas isso mudou rapidamente. Agora eu tento treinar pelo menos quatro vezes por semana, fazendo uma mistura de pilates, ioga, treinamento de circuito e cardio e a meditação também é um componente de cada treino. No que diz respeito à dieta, eu tenho que comer coisas leves ou eu vou ficar mais lenta e não treinaria durante a semana. Isso significa principalmente alimentos crus, veganos, orgânicos e nada excessivamente processados. Eu também tive que reduzir seriamente um dos meus doces favoritos: donuts. Isso foi difícil, mas eu dou uma escapada às vezes. Tudo com moderação!
O sucesso de Wonder Women (Mulher-Maravilha) é prova de que há muito espaço para mulheres no campo dos super-heróis. Você quer trazer a Supergirl para o cinema?
Minha iteração em Supergirl tem sua casa no Universo da TV DC e não sei se ela se encaixa no tom e no molde do universo dos filmes da DC. Isso não significa que eu não gostaria de ver a Supergirl na Liga da Justiça ao lado da Mulher Maravilha. Na verdade, acho que isso seria incrível! Parte da diversão do gênero é que muitas pessoas podem tentar ter sua vez em retratar esses personagens e suas próprias interpretações de várias formas.
Com dois programas de televisão de sucesso em sua carreira, você está em ‘Waco’ da Paramount Network. A mini-série analisa o impasse que durou 51 dias entre o governo federal e o Ramo Davidiano. Como foi sair da alegria das séries como Glee e Supergirl para uma natureza séria e complexa de Waco?
Waco foi novidade para mim, na qual nunca tinha interpretado uma pessoa real e muito menos alguém que viveu e morreu em circunstâncias tão únicas e tão trágicas. Há um peso nisso. Eu me senti como se eu quase tivesse que usar partes diferentes do meu cérebro e coração coletivamente do que normalmente fazia ao abordar um papel, a fim de racionalizar e entender o que Rachel Koresh pode ter sentido ou pensado ser uma seguidora Davidiana. As complexidades desta história eram muito intrincadas e todo o elenco conversava todos os dias sobre a natureza da história que contávamos.
Tanto você quanto Talyor Kitsch acrescentam um pouco de suspense e intriga ao impasse. Como você se preparou para o papel?
Procurei por tudo o que eu pude encontrar em primeira mão e fotos da Rachel e examinava. Não havia muito o que encontrar sobre ela e ela ainda é muito misteriosa para mim, então havia um monte de lacunas para preencher. Eu também li os livros de David Thibodeau e Gary Noesner e assisti aos documentários sobre o cerco.
A partir da cobertura de notícias em profundidade do impasse, a relação entre David e Rachel Koresh parecia fascinante e autêntica. Ela era uma esposa e mãe muito devota. Quão importante foi para você contar essa narrativa através do seu retrato de Rachel?
Cada relação que existia dentro das paredes do Monte Carmelo era importante, e todo o elenco sentiu a necessidade de retratá-los com respeito e integridade. O relacionamento de David e Rachel é fascinante na forma como parecia ser, uma equipe que juntos lideravam o Monte Carmelo. Ela tinha um certo poder lá, porque ela era sua primeira esposa, teve seu primeiro filho e ela pode ter sido uma das poucas mulheres que David realmente ouvia quando se tratava do bem-estar das mulheres e crianças. A vida que ela liderou como uma Davidiana era tudo o que ela conhecia e eu encontrei uma força silenciosa nela.
Por conta da natureza emocional e poderosa dessa polêmica controvérsia, há cenas, em especial, que são difíceis de filmar?
Todo o cerco era difícil de gravar, simplesmente porque a forma como todos nós sabíamos que iria acabar parecia mais perto cada vez mais quando estávamos em cada cena. De longe a cena mais difícil que tive que filmar foi durante o incêndio no último dia do cerco. Essa é uma experiência emocional que nunca sairá de mim.
O abuso e a negligência do governo federal em Waco foram atraentes em seu tempo. Você sente que existem alguns abusos de poder semelhantes atualmente?
Tenho certeza de que o abuso de poder no governo é algo constante, então eu não traria isso para um momento em específico, mas nossa administração atual parece exceder a quantidade de corrupção que estamos acostumados a ver como público. Em termos de semelhanças com Waco, a falta de visibilidade de tudo é bastante pungente para a atmosfera de hoje, bem como as comunicações erradas entre a população e as autoridades (ou a recusa completa em reconhecer os fatos) e essa divisão do que você acredita. Em 1993 e hoje há também uma exposição clara do governo obsessivo com a imagem do público através da mídia.
Depois de filmar Waco no Novo México, há alguma comida típica do local que você sente falta?
Existe uma incomparável ‘Sopa de Amor’ em um restaurante chamado Sazón, em Santa Fé, que eu amei. Outro ótimo local em que eu ia foi um “Da Fazenda para a Mesa” chamado Radish and Rye – eles têm um Whisky fantástico e um jardim incrível. Geralmente a comida mexicana em Santa Fé era deliciosa e eu sinto falta disso!
Supergirl parece esgotada fisicamente enquanto em Waco parece estar mentalmente e espiritualmente esgotado. Quais são as coisas você costuma fazer para relaxar após um longo dia de filmagem?
Ler é a minha maneira preferida de relaxar. Depois de trazer fisicamente uma história à vida em um palco ou um conjunto, sair de um mundo diferente onde eu simplesmente relaxar na minha imaginação, é um alívio. Nada também está fora dos limites. Eu leio qualquer coisa. Os banhos também são excelentes. Eu também adoro ouvir música clássica ou jazz depois de um longo dia – meus favoritos agora são a 6º Sinfonia de Beethoven, a Pastoral, os Concertos Brandenburg de Bach, Dave Brubeck e Charles Mingus.
Depois de mostrar seu alcance com uma característica dramática como em Waco, quais são alguns projetos que você gostaria de enfrentar?
Tenho sempre um certo carinho sobre voltar aos palcos. Eu com certeza adoraria fazer uma peça de Arthur Miller, Tennessee Williams ou Shakespeare, são meus favoritos. Sou também uma grande amante ou Chekov – isso seria um sonho.
Waco é mais do que apenas uma cidade no centro do Texas. É a palavra, o lugar e tudo aquilo que Waco representa e também um marco de um fervor religioso e erro governamental no lado sórdido da imaginação americana e muitas vezes ignorado. É sinônimo de David Koresh, o profeta autoproclamado que viveu nas margens da cidade, o culto religioso que ele liderou e o cerco militar que deixou mais de 75 de seus seguidores mortos.
Waco também é o nome de uma nova minissérie de TV da Paramount Network. O série tem Taylor Kitsch como David Koresh, que tem uma luta com o agente do FBI, Gary Noesner, interpretado por Michael Shannon. Em apenas seis episódios, a série tenta contar as histórias daqueles que estão do lado de dentro e de fora do complexo, muitas vezes buscando humanizar os intérpretes de que ambos os lados do conflito não há, obviamente, pessoas “boas” e “más”.
O papel de Koresh como Kitsch é desempenhado com um notável carisma e às vezes retratado com uma simpatia transparente que negligencia ou minimiza o abuso causado em seus seguidores, o que, de acordo com testemunhos dos sobreviventes, variou de espancamentos a crimes de estupros. Cabe então, as mulheres de Waco, Melissa Benoist e Andrea Riseborough, como as duas de suas “esposas”, para mostrar as exigências diárias da vida em um culto.
Seus personagens muitas vezes se encontram presas entre a devoção fugaz e as emoções que são simultaneamente provocadas e procuram suprimi-las. Rachel Koresh, de Benoist, por exemplo, é uma forte devota de seu marido e seus ensinamentos, mas, no entanto, deixa transparecer o ciúmes ao confiar em outras mulheres. Judy Schneider, de Riseborough, é mais relutante em suas crenças, mas ainda está, em algum ponto, disposta a desistir de seu casamento pré-existente e a ter um filho com seu profeta.
É uma grande sequência para seis episódios, não apenas para reviver a humanidade dessas mulheres fora de seus equivocados status como “membros do cultos”, mas também incorporar suas psicologias, contradições e sonhos. Quando pergunto se elas gostariam de mais tempo na série para explorar suas personagens, Riseborough respondeu rapidamente: “Sim, quer dizer, bem-vindo em ser uma mulher!”
Houve algo, em particular, que vocês queriam trazer para a versão televisiva de Waco?
Benoist: Pelas mulheres serem a maioria (entre as pessoas do complexo) e por causa das circunstâncias em que viviam – no meio do nada nas planícies do Texas, sem água potável e condições de vida muito escassas – essas mulheres eram extremamente fortes. Em termos sobre Rachel, em especial, ela nunca tinha vivido no “mundo externo”. Ela foi uma Davidiana a vida toda. Então, esse foi um ponto de partida para eu racionalizar sua perspectiva das coisas.
Riseborough: O que incrível foi ter acesso às filmagens das pessoas que estávamos tentando não só refletir, mas honrar, porque eram pessoas reais – elas tinham famílias e vidas. Tivemos que ver exatamente como elas gesticulavam e falavam. Mesmo que as últimas gravações originais das fitas possam ser acessadas por qualquer pessoa no YouTube (elas são de domínio público), elas são onde eles realmente estão lutando por suas vidas. Todos os Davidianos estão dando testemunhos sobre o quanto eles acreditam em sua comunidade e o que de estranho estava circulando na mídia sobre o que está acontecia dentro do complexo, eles queriam expor a verdade. E mesmo que estivessem em uma situação muito tensa nesse ponto, você entende realmente o que eles são como uma comunidade. Todos tinham vidas tão diferentes, não é?
Uma das coisas realmente decepcionantes sobre ter aberto essa conversa sobre as mulheres de Waco – as mulheres que estavam no complexo do Ramo Davidiano – e que me perguntaram mais de uma vez no tapete vermelho da estréia foi: “Então você interpreta uma das esposas?” O que é tão insultante! Para eles! Quero dizer, Judy Schneider Koresh foi a matriarca da comunidade – essa é a minha personagem – e com Rachel, personagem da Melissa, seguraram as pontas juntas até o fim. Sem essas duas mulheres eu não tenho certeza de que, mesmo se as pessoas que sobreviveram teriam sobrevivido. É trágico quantas pessoas morreram. É incrível que alguém tenha sobrevivido, de verdade, dado o que o FBI fez com eles.
Eu li coisas sobre David Koresh bater em muitos membros da comunidade e os tratando muito mal, algo que, obviamente, se difere do David na série.
Riseborough: Trabalhamos com David Thibodeau, que escreveu um livro sobre Waco, no qual a série se baseia. Ele é um dos nove sobreviventes. Ele estava conosco no set todos os dias, o que era um luxo, como foi com Gary Noesner (o ex-negociador do FBI), então Michael estava em contato com ele o tempo todo. Nós realmente tivemos a mesma perspectiva de Thibodeau e ele estava muito encantado com David.
Objetivamente, a situação havia relações horrivelmente disfuncionais, principalmente na questão sexual – relacionamentos profundamente disfuncionais, que eram inadequadas e abusivas. Pelo lado de dentro, essa é uma reação muito humana para se referir a uma personalidade tão forte e dominante, não é? É essa reação de admirá-los ao invés de colocar (as pessoas) contra eles, entende o que estou tentando dizer?
Benoist: Sei exatamente o que está dizendo e eu acho que você está certa.
Você acha que as mulheres na série têm espaço suficiente para contar suas próprias histórias ou afirmar suas próprias individualidades fora do que David estava forçando nelas?
Riseborough: Eu não me senti assim. Falo por mim.
Benoist: Não.
Riseborough: Eu entrei muito nela com esperança de dar, mais do que poderia dar de mim, sobre uma melhor condição feminina do Ramo Davidiano. Mas acho que as mulheres envolvidas, fizeram tudo o que puderam. Haviam tantos elementos para a história que estávamos contando, porque eram de muitos ângulos diferentes também. Não se tratava apenas da situação davidiana, nem da “bagunça” de David. Foi um monte de outros desastres acontecendo ao mesmo tempo. Havia pouco tempo para entrar em conversas realmente fartas sobre o que era ser uma mulher Davidiana. Tal como ambas dormimos com o mesmo homem… Alguma vez houve esse tipo de conversa? Eu sinto que nos dirigimos a ele, mas porque é uma conversa longa e há tanto para se contar que não entramos a fundo nisso, o que teria sido interessante.
Benoist: Eu senti o mesmo. Mesmo no sentido de que as mulheres estavam muito mais envolvidas no cerco e uma parte do propósito do que Andrea está falando, sobre como tínhamos tanto material para mostrar. Kathy Schroeder registrou muito minutos a mais do que o que conseguimos retratar no telefone com o FBI. Eu acho que eles estavam mais envolvidos e tinham mais poder do que podíamos aprofundar.
Riseborough: Como uma mulher também, quando girando ou não em direção a um projeto, você fica em cima do muro, você precisa tomar a decisão se você quer realmente fazer o melhor trabalho de representar essas pessoas que realmente sofreram, fazer parte de isso e se mostrar o lado feminino, mesmo que talvez não seja uma mensagem tão forte como você gostaria que fosse da perspectiva feminina ou se você simplesmente se exclui inteiramente. No set com as mulheres, estávamos muito envolvidas. Mesmo que você não nos veja muito (risos).
Annika Marks é um exemplo perfeito disso, que interpretou Kathy. Sua personagem foi extremamente influente com as negociações com o FBI e os Davidianos, mas não é trazida para o roteiro. Estávamos no set, dia após dia, experimentando a sensação do que é interpretar um estepe para um egomaníaco. Nós realmente vivemos isso – Taylor fez um bom trabalho ao desempenhar um egomaníaco. [risos]
De acordo. Eu reconheço que minha pergunta foi um pouco difícil de responder, porque, especialmente devido às conversas que estamos tendo sobre a indústria do entretenimento no momento, você está quase que presa a representar “mulheres” nesta situação ferrada. Há muita política dentro disso. Dito isso, eu estava pensando, o que você sente sobre o personagem de Koresh sendo retratado com tanta simpatia? Nós já abordamos um pouco sobre isso mas eu queria perguntar mais diretamente.
Benoist: O que é difícil é que, ao finalizar a filmagem, todos tivemos muita simpatia pelos Davidianos como um todo. Fiquei dilacerada me colocando no lugar deles e pelo o que passaram. Isso é difícil mas sempre houve, em todas as conversas que tivemos, “Bom, sim, mas ele estava fazendo isso e aquilo.” E ele estava dormindo com todas as mulheres e ele tinha quantos filhos.
Riseborough: Você coloca alguém como Taylor Kitsch, que tem grandes trabalhos que muitas pessoas têm acesso e ele tem grande apoio de fãs, imediatamente as pessoas vão adorar alguém como ele desempenhando esse papel. Pessoalmente, penso que se você assistir a alguém assim e vê suas ações, independentemente de como ele está interpretando isso simpaticamente, você ficaria um pouco desprovido moralmente e pensaria: “Céus, ele está fazendo um excelente trabalho aqui”. (Risos)
Benoist: Eu acho que isso está enraizado. As partes estranhas estão lá, independente de como ele interpreta elas.
Riseborough: Foi uma situação loucamente disfuncional, que houve abusos. Está tudo dentro do contexto, e essa é a minha opinião. É realmente importante tentar vê-lo de todas perspectivas para compreendê-lo e se unir, ao invés de julgas à distância. Taylor fez um bom trabalho para tornar o papel empático. Ele realmente tentou olhar para a perspectiva de David e tenho certeza de que não era um excelente lugar para estar durante três meses. Não era um ótimo espaço para nenhum de nós estar.
Como mulher, em qualquer filme ou qualquer série, fazemos a maioria das partes emotivas. Quando as mulheres estão queimando e sufocadas até a morte, tentando acalmar as crianças inquietas, esse é um trabalho realmente difícil. Eu dei tudo de mim para apelar para estes recursos, a cada dia pensando: “Eu estou contando esta história para um propósito maior.” Relembramos as mortes de todas as mulheres e crianças sufocadas no subsolo e depois queimando até a morte. Foi horrível. Nós tínhamos filhos no set e foi difícil para todos: é apenas a realidade do que eles passaram e quão mal o FBI também se comportou. Foi chocante. Se você realmente olhar para isso, tenha um pouco de conhecimento – leia por cinco minutos e perceba: certo, isso se tornou um grande bastão político sendo passado de um lado para o outro. A situação de David Koresh se tornou uma ferramenta de negociação e, infelizmente, um homem foi o vilão que se comportava de forma terrível. Mas não só ele foi detido, dezenas de pessoas morreram por causa de como o FBI o tratou e por causa de como o Clintons o tratou.
Benoist: Dito isto, você tem que ser empático com todos eles. A história que estamos tentando dizer é que, humanizando e mostrando ele justificando todas as suas ações, quaisquer que fossem os motivos por mais egocêntrico que fosse, ele era um humano e nenhum deles mereciam morrer no incêndio.
Fonte: Interview Magazine
A história do cerco de 51 dias no Monte Carmelo entre o ATF, o FBI e a seita religiosa de David Koresh, continua na noite de quarta-feira (31/01) com o segundo episódio da mini-série de apenas seis episódios.
Waco conta o conto da batalha de armas mais longa na história da aplicação da lei dos EUA, na qual 76 homens, mulheres e crianças no complexo Davidian foram mortos. A série estrela Taylor Kitsch como Koresh, Michael Shannon como o negociador do FBI Gary Noesner e Melissa Benoist como a esposa de Koresh, Rachel.
“É um conto preventivo (‘cautionary tale’). Foi algo que não precisava ter acontecido. Isso mostra as circunstâncias que criaram essa tempestade com a ATF e o quanto eles precisavam provar de si mesmos, então eles apareceram com tanques por causa de um mandato de $50 e houve um tiroteio por cerca de uma hora e as pessoas morreram no primeiro dia. Isso se intensificou de forma tão rápida que não havia mais retorno. Tudo o que deveria ter sido feito era que as pessoas olhassem além da superfície para manter as mulheres, as crianças e as pessoas inocentes fora disso”, disse Benoist à Parade.com em entrevista exclusiva no 25º aniversário da tragédia.
O quanto você conhecia sobre a história de Waco antes de entrar nesse projeto?
Eu sabia o quanto a maioria de nós sabia. Eu vi a cobertura de notícias. Eu era muito jovem, então eu não acho que a gravidade ficou registrada em mim, mas eu tinha família no Texas. Eu acho que senti necessidade de saber exatamente o que estava acontecendo. Obviamente foi um acontecimento memorável, mas eu só sabia o que a mídia mostrava, o que não foi nem a metade do que realmente aconteceu.
Você acha que existe um ponderamento ao contar sobre este acontecimento, que mostra o ponto de vista de ambos os lados?
Eu acho que é um testemunho da narrativa dos Dowdles (John Erick e Drew) contar histórias em que há uma área pouco nítida. Eu acho que eles queriam mostrar a humanidade de todos os envolvidos. Haviam pessoas boas nos Davidianos e também haviam pessoas boas no ATF e no FBI. Foi uma situação impossível que saiu do controle desde o início. Terríveis erros de comunicação. Foi uma tragédia que poderia ter sido evitada e não deveria ter acontecido.
Qual é a sua opinião sobre David Koresh? Você acha que ele era um megalomaníaco? Você acha que ele estava crente do que ele estava fazendo?
Eu acho que ele era um pouco das duas coisas. Vale a pena notar o que ele criou de si mesmo, o que ele fez de si mesmo, considerando de onde ele veio. Ele teve uma educação terrível e fugiu de casa quando tinha 14 anos. Ele mudou seu nome e tornou-se o líder desta igreja através de outra história louca que envolveu um tiroteio.
A maneira como ele realmente ganhou o controle do Monte Carmelo foi bastante agressivo e quase como o Oeste Selvagem, mas ele tinha traços que não eram tão bons. Eu acho que ele tinha essa energia magnética sobre ele. Ele era literalmente o sol, em que tudo no Monte Carmelo girava em torno de todos os Davidianos.
Havia um grande material de pesquisa sobre Rachel para você investigar?
Não havia muito material para eu ler sobre ela, nem tanto quanto David Koresh para Taylor, mas havia muitas fotos de Rachel com David e seus filhos. Há alguns relatos de pessoas que os conheceram. Os dois advogados que entraram no Monte Carmelo durante o cerco, que ela serve um ‘Frango à la King’ no escritório, aparentemente achavam que ela estava muito quieta. O que eu sei é que ela tinha 14 anos quando David decidiu que queria se casar com ela. Ela era sua primeira esposa. Ele a pegou e partiram para fazer suas missões juntos. É inimaginável e difícil de compreender.
Você acha que ele a deixou fazer parte do processo das decisões? Você acha que ele respeitou sua inteligência?
Absolutamente. Eu penso que por causa de seu ego, talvez não na frente das pessoas, mas acho que ela era uma das únicas mulheres que ele ouvia e provavelmente atrás das portas fechadas. Ela era a principal pessoa que dormia na cama com ele mesmo que ele tivesse outras esposas. Ela era os olhos e os ouvidos das mulheres e crianças no complexo. Então, eu acho que ela provavelmente teve muito a dizer sobre como executar as decisões, a estrutura da maneira como eles viveram e trabalharam.
Você acha que ela estava confortável que ele tivesse outras esposas?
Essa era uma parte de suas Novas Revelações. Eu acho que ciúmes e inveja são emoções humanas que você não pode controlar e não consigo imaginar como ela pôde não sentir isso de vez em quando. Não sei como isso seria possível, mas essa era a realidade dela. Ele tinha 12 outras esposas, ou ela era uma das 12, incluindo sua irmã. Mas um fato interessante sobre ela é que ela era a única que teve o sonho de que Deus falou com ela e disse que David precisava se casar com sua irmã mais nova, Michelle. Então, essa foi quase que uma decisão dela. Descobrir isso fascinante e algo difícil de reconciliar.
Você sentiu que as coisas iriam tão longe assim quando começaram o conflito?
Eu não sei se algum deles sentiram, mas acho que foi uma situação impossível desde o começo e acho que Rachel provavelmente, pelo que eu suponho, tratou mais sobre cuidar e proteger as crianças, mas eu não acredito que ela nunca teria seguido David.
Sente compaixão por essas pessoas?
Claro que sinto. Eu sentia muita empatia por eles e senti de uma perspectiva que não esperava sentir. Aprendi muito e espero que todos possam aprender.
Waco é uma diferença de 180 graus de Supergirl. Esta mulher não é totalmente emponderada. Foi isso que fez você querer interpretar ela? por ela ser tão diferente?
Não é apenas o fato de que ela é diferente, é a história ser tão atraente para mim. Eu acho que Rachel está emponderada em seu mundo. Ela estava obviamente em circunstâncias muito diferentes do que a Supergirl, e Supergirl obviamente tem muito empoderamento. A força de Rachel é interna e muito mais silenciosa, mas essa história foi uma que eu realmente me senti atraída para ser parte de contá-la.
São histórias como essa pela qual você ama ser atriz?
Bem, sim, claro. Este papel, especificamente, é muito especial porque parte do que conseguimos fazer é esclarecer coisas que as pessoas não necessariamente conhecem, especialmente quando se trata de um acontecimento histórico ou algo que realmente aconteceu. Nós olhamos profundamente para um acontecimento que foi enigmático, confuso e que as pessoas só viram um lado dele.
Tradução e adaptação por Melissa Benoist Brasil