Em março, fará exatamente três anos desde que Glee, o inesperado, mas completamente dominador do mundo, exibiu seu último episódio. Mas para Melissa Benoist parece que foi a uma eternidade.
“Eu era um bebê. Foi a minha primeira tentativa em qualquer trabalho na frente das câmeras e eu não sabia nada. Eu era tão ingênua. Parecia como se eu estivesse presa em um engavetamento de dez carros”, disse a atriz, que apareceu na série em suas duas últimas temporadas.
Benoist disse isso enquanto estava sentada em um estúdio fotográfico de Nova York – um local que pode ser um tanto gerador de flashbacks musicais.
“Às vezes, ouço as canções que nós cantamos nos supermercados, tipo ‘New York State of Mind’ e fico meio: Uau, isso é tão estranho.”, ela observou.
Agora, o recente trabalho de Benoist é uma longa série amigável para a família que alavancou sua carreira. Ponto em questão: seu último projeto, a nova mini-série Waco, que estreou na rede Paramount ontem à noite (24/01).
Na série, Benoist interpreta Rachel Koresh, esposa de David Koresh, líder do culto religioso Branch Davidians, que foi o centro de um impasse de 51 dias com o FBI e ATF (Agência Federal de controle de álcool, tabaco e armas de fogo no Texas), que resultou em um incêndio mortal – tão longe quanto da ‘William McKinley High School’.
“Quando meus gerentes disseram a palavra Waco, imediatamente me lembrei. Houveram alguns acontecimentos sensacionalistas no início dos anos 90 que eu lembrei vividamente de que todos ficavam colados na TV e Waco era um deles, de modo que alcançou meu interesse. Então, quando falei com os diretores, os irmãos Dowdle, que são pessoas fantásticas e compassivas, me disseram qual era a visão deles e como eles queriam que fosse essa área obscura para que as pessoas pudessem ter conhecimento do realmente aconteceu e como elas se sentiram sobre isso. Isso foi muito muito atrativo para mim. Depois disso, lutei muito para interpretar Rachel”, disse a atriz de 29 anos, que tinha apenas quatro anos quando ocorreram esses acontecimentos em 1993.
Benoist co-estrela ao lado de um elenco impressionante que inclui atores como Michael Shannon, Andrea Riseborough, John Leguizamo, Julia Garner e Rory Culkin. Seu marido, na tela e a papel principal na série, é interpretado por outro ator que teve sua própria experiência protagonizada em um programa favorito dos fãs de TV: Taylor Kitsch, também conhecido como Tim Riggins, de ‘Friday Night Lights’.
“Ele estava tão dedicado e se importou tanto, eu não acho que as pessoas já o tenham visto assim. Ele foi maravilhoso. No set, ele era Koresh… Você têm de justificar quando você está tentando entrar na pele de alguém assim e tentar retratá-las com integridade, honestidade e respeito, e foi o que realmente Taylor fez muito bem e definitivamente passou isso para o elenco.”
Para seu próprio retrato como Rachel, Benoist olhou para as poucas fotos e registro dela na vida real, preenchendo todas as lacunas que pôde.
“Ela nasceu como umas Dividian e morreu como uma Dividian e ela nunca tinha sido outra coisa além da esposa de David, que ela foi escolhida quando tinha 14 anos. Ela saiu com ele no meio da noite e viajou pelo mundo com ele. A existência dessa menina me deixa perplexa. Fiquei muito fascinada por ela.”
As mini-séries de seis episódios filmados em Santa Fe, Novo México, na primavera passada ao longo de três meses, um período de tempo durante o qual Benoist também estava consecutivamente filmando outro projeto – uma pequena série de tv que você já ouviu falar, chamado ‘Supergirl’.
“Foi um milagre que funcionou. Por sorte, eu tenho essa incrível equipe que trabalhou a agenda para fazer isso acontecer, mas ela se coincidiram e por um momento quase pensei que não iria funcionar”.
Além dos pequenos desafios logísticos de tempo e espaço, Benoist também foi confrontada com a tarefa de alternar entre uma super-herói alienígena emblemático e uma figura misteriosa da vida real. Mas, em algum lugar intermediário, emergiram algumas semelhanças.
“Elas são muito diferentes e, obviamente, elas têm circunstâncias extremamente diferentes. Estão em mundos extremamente diferentes. Mas Rachel talvez seja ainda mais forte que a própria Supergirl. A Supergirl é esta otimista, inalcançável e idealista de uma alienígena e todos nós podemos fugir para o mundo dela. Ela sempre salva o dia. Rachel é mais forte porque ela está lidando com todas essas circunstâncias que não são normais, e pela ausência de experiência, às vezes, não são aceitáveis ao que você chamaria de uma citação não estimada. Não é uma vida normal. O que ela atravessou no cerco do FBI é inimaginável. Essencialmente, o que eu faço em Supergirl é que estou agindo com referências dos quadrinhos. Esse é sua própria flexibilidade e própria habilidade. Interpretar Rachel foi difícil, mas eu amei. Você consegue viver nesses momentos tranquilos. Embora os homens desta série falam mais alto, as mulheres não são invisíveis, apesar de serem silenciosas”.
Ao contrário de sua personagem, Benoist está longe de ficar em silêncio. Na semana passada, ela escreveu um artigo comovente para o ‘Time’s Motto’ sobre o aniversário de um ano do ‘Women’s March’, onde seu cartaz, com as palavras “Hey Donald, não tente dominar minha vagina – ela é feito de aço” em letras maiúsculas e tornou-se viral.
“Eu realmente sempre me considerei uma pessoa que não entra em conflitos, tímido e introvertida. Mas agora não posso deixar de ser ativista e participar. Eu sempre tento ter a voz da minha mãe na minha cabeça, porque estou muito orgulhosa das lições de moral que ela tentava estimular em nós. Ela sempre foi minha bússola moral, então falei com ela sobre isso e então eu tento imaginar o que ela pensaria sobre o que eu estava dizendo. E eu também imagino minha filha, se eu tiver uma, sobre o que eu gostaria que ela sentisse e visse. Se é uma palavra inapropriada como “bu****”, como o nosso presidente usou, talvez elas precisem ver isso para saber que não está certo e a realidade de ‘Isso é alguém que não está sendo respeitoso e esta é a palavra errada para se usa, isso é algo que você não deve aceitar porque você é melhor e vale mais do que isso, você é capaz e forte “.
Em um ano desde o Women’s March, Hollywood sofreu uma grande mudança decorrente da exposição de Harvey Weinstein; posteriormente, Andrew Kreisberg, de Supergirl, que foi demitido depois que as reivindicações de assédio sexual foram feitas contra ele.
“Sinto uma mudança e sinto uma mudança no trabalho, no set de filmagens. Estou muito esperançosa porque a PGA acaba de lançar um novo conjunto de regras sobre o assédio sexual e esse é um bom começo na direção certa. Estou feliz de que as conversas sejam mais freqüentes e que a honestidade seja favorecida ao calar essas as pessoas”, disse Benoist quando questionada se ela havia notado alguma mudança em Hollywood.
Quanto à mudança, ela sentiu isso em sua própria vida desde o primeiro deslize em sua capa de Supergirl, há três anos?
“Eu me sinto mais transparente do que nunca. Eu não estou tão preocupada com o fato de dizer ‘amém’ para tudo, algo que eu fiquei presa por muito tempo e agora sinto uma sensação de propriedade do papel e da posição que tenho”.
FONTE: W Magazine